Dra. Maria Sílvia Lopes Figueiredo (CRM 56947) é graduada pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Ela é Mestre em Saúde Mental, pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, e Supervisora no Serviço Ambulatorial de Clinica Psiquiátrica do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

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Vários pesquisadores se dedicam à procura das melhores abordagens terapêuticas e os resultados encontrados apresentam convergências e divergências. O transtorno de personalidade borderline é um quadro crônico, com acentuada morbidade e mortalidade, e a ausência de evidência de efeitos de um tratamento específico parece concordar com o próprio curso da desordem, sendo propostas várias opções sobre o manejo clínico. 
Várias delas concordam quanto à necessidade de avaliação contínua e intervenções ativas intermitentes (principalmente nos momentos de crise).
As hospitalizações podem ser necessárias nos momentos em que os pacientes se apresentem extremamente autodestrutivos, com dificuldade para controlar seus impulsos, organizar o pensamento, assumir o cuidado de si mesmo. Nesses casos, a enfermaria psiquiátrica se apresenta como ambiente protegido para acolhimento e apoio ao paciente para que recupere seu funcionamento mental mais equilibrado e consiga se conduzir. O risco é permitir que o paciente se torne dependente demais da equipe hospitalar, usando a internação como forma de não assumir as responsabilidades consigo mesmo. Passado o período de maior risco, a semi-internação se mostra uma opção interessante. Nos serviços de Hospital Dia, como o da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), o paciente passa o dia no serviço e vai para casa à noite e nos finais de semana. Os familiares são chamados a participar ativamente do tratamento e também recebem o  apoio necessário, juntamente com a equipe composta por vários profissionais:psicólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional, assistente social, enfermeira e auxiliares de enfermagem, recreacionista, educador físico. Nesse ambiente também protegido, mas mais conectado com a “vida real” o paciente tem a oportunidade de rever sua maneira de se relacionar consigo e com as outras pessoas, sua maneira de lidar com a solidão (que esses pacientes vivem como se fosse um abandono insuportável e imperdoável) e as frustrações. Durante as internações (totais ou parciais) o paciente borderline repete com a equipe as mesmas dificuldades de relacionamento interpessoal que apresenta em sua vida. Seus comportamentos impulsivos e inadequados mobilizam os membros da equipe, que precisam trabalhar de maneira bem harmoniosa e integrada, para oferecer ao paciente respostas que o ajudem a perceber suas dificuldades e construir novas maneiras de se relacionar. Essas experiências podem ser compartilhadas com os familiares, cônjuges e amigos do paciente, que querem ajudá-lo mas muitas vezes não sabem como. Devido a sua instabilidade emocional e impulsividade, muitas vezes o paciente com transtorno borderline envolve seus parceiros em sua confusão, e acabam todos ansiosos, agindo de maneira desequilibrada, às vezes até agressiva. Cônjuges e familiares referem um misto de raiva e pena, às vezes pena e depois raiva mas, principalmente, impotência. Mesmo fora da situação de internação ou semi-internação, o trabalho com parceiros e familiares pode ser muito útil e gratificante.

Psicoterapias de diversas abordagens podem ser úteis, desde que terapeuta e paciente consigam estabelecer uma aliança terapêutica consistente (aliança entre aspectos saudáveis do terapeuta e do paciente). A psicoterapia de grupo apresenta a oportunidade de reconhecer suas próprias características no modo de agir dos outros pacientes, de dividir experiências muito próprias, difíceis de compartilhar com quem não as vive,  como os comportamentos de auto-mutilação, por exemplo. A maioria das pessoas interpreta os atos de se machucar do paciente borderline como forma de “chamar a atenção”, masmuitos pacientes os fazem escondido, sem ninguém ver. Em momentos de muita angústia -e pessoas com transtorno borderline sentem MUITA ANGÚSTIA- cortar a própria pele, sentir dor, ver o sangue sair, pode ser uma forma de se acalmar. Ou então comprar demais, transar demais, comer demais (vomitando demais ou não), beber demais, correr de carro demais,  enfim, qualquer coisa demais, e daí vem todas as encrencas, que deixam os familiares inconformados.Tentando fugir da angústia e do sentimento de vazio e solidão, acaba ficando mais sozinho ainda. Observando o que acontece com seus companheiros de grupo, o paciente tem a oportunidade de entender como cria suas próprias confusões. Juntos, os membros do grupo podem buscar novas alternativas.

Não há um consenso quanto ao uso de farmacoterapia nestes pacientes. Alguns autores consideram que, como o papel biológico no desenrolar do transtorno ainda não é bem definido, seria melhor não se usar psicofármacos. No entanto, a prática clínica demonstra que o uso de medicação pode ser bastante útil, dependendo do caso. O alívio de sintomas muito intensos (psicóticos, depressivos, dissociativos, ansiedade, ideação suicida) funciona como proteção e base para as demais formas de tratamento.

Tratando-se de transtorno crônico e complexo, o tratamento inclui várias modalidades de intervenções, que devem ocorrer de maneira integrada. É preciso alternar firmeza e flexibilidade, de acordo com a evolução de cada paciente. Profissionais, familiares e o próprio paciente devem estar preparados para progressos e retrocessos, momentos de harmonia e crescimento intercalados com graves crises inesperadas. A médio e longo prazo, o saldo é positivo e gratificante quando se mantem expectativas realísticas.


Referência: http://blogs.unimeds.com.br/mariasilvia/?p=98

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